Obs.: As opiniões e considerações postadas neste blog NÃO refletem necessariamente a visão da ONG-ATEAC, sendo de exclusiva responsabilidade de seu autor.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Reconhecimento

       É sempre bom ouvir um elogio pelo trabalho que você faz.
       "... - Que trabalho extraordinário que vocês fazem... - Que coisa linda visitar as crianças doentes com os cães..." - isso já virou rotina nas nossas visitas ao hospital
       Palavras de incentivo são importantes, mas acredito que o que nos move não são as palavras ditas, essas se perdem no meio de tantas, e se dermos muita importância perdemos o rumo na direção do progresso.
       A energia que nos recarrega vem dos pequenos gestos: num sorriso brotando na face marcada pela dor, no esforço em movimentar membros atrofiados pela paralisia, na alegria de um passeio com o cão pelo corredor passando pelo meio das macas como se fosse um bosque cheio de árvores.
       Creio que com a Batata acontece a mesma coisa... o trabalho é duro para ela que talvez não entenda o sentido de tudo isso, mas, depois das visitas, quando a coloco no chão de novo... Pode parecer idiotice, mas acho que ela percebe a minha satisfação e o meu orgulho por ela.
        Às vezes tenho que deixar o carro num estacionamento distante e temos que caminhar um bom pedaço. Quando caminho normalmente com ela a caminhada se faz casual: eu andando e a Batata ao lado me acompanhando. Ao final do trabalho essa caminhada é diferente: ela me instiga para brincar, corre e depois me espera aguardando um carinho para depois correr de novo, como se dissesse: "- Se eu te deixei feliz, eu estou feliz também".
        Poderia pesquisar esse comportamento e explicá-lo de maneira científica, no entanto nunca faria isso, prefiro acreditar que a Batata faz tudo isso por mim e essa magia não vou deixar apagar. Afinal, esse mundo precisa de fantasias e sonhos e, dessa vez, vou deixar o ceticismo de lado e elevar a Batata a um nível mais alto do que o simples instinto animal.
        Essa é a minha cachorra terapêuta!


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Mensagens

         Barbie (*) é uma interna do semi-intensivo, seus movimentos são precários, sua mente apresenta deficiência e suas condições básicas são monitoradas por aparelhos. Tudo isso dificulta muito a comunicação. A terapia consiste em estimular a criança com movimentos simples: passamos sua mão no pêlo do cão para que depois ela o faça por si mesma. Isso é desgastante para ambos, então, a atividade é por pouco tempo para que não haja rotina, nem sofrimento. Na maior parte do tempo nós conversamos, infelizmente, no caso da Barbie a conversa é um monólogo, onde somente o atendente fala. Mesmo que o paciente quisesse esboçar algumas palavras o tubo de traqueostomia permanente impediria.
          Depois de algum tempo falando sozinho ou, nesse caso, usando a Batata como um marionete e simulando o cão falante você percebe que o paciente usa outros meios para se comunicar. Barbie não usa palavras, não pode usar o corpo, suas mãos são rígidas e, não consegue emitir sons inteligíveis, sua mente às vezes divaga em pensamentos que não conseguimos atingir, mas... o olhar... Ah, o olhar... a linguagem mais simples, porém a que mais expressa. Esse é o melhor meio de captar mensagens que vêm direto do coração e, esse eu sei que bate forte dentro do peito da menina.
           Espero um dia ser fluente nessa linguagem que traduz como nenhuma outra o que vai no fundo da nossa alma.

Conversas

      Criança é uma criatura mágica mesmo... Hoje estávamos eu, Batata e Gil (*), um interno do hospital, batendo um "papo-furado". Gil era um garoto de 10 anos muito comunicativo e, como gostava de cães, coloquei a Batata do lado dele na cama e deixei-o brincar com ela. Enquanto conversávamos sobre os mais diversos assuntos (escola, amigos, família... e claro, cães) ele fazia questão de que a Batata participasse. Entre um comentário e outro ele desviava o olhar de mim e dizia perto do ouvido da cão-terapêuta: "...É ou não é, Batata?...". A atitude era tão natural que parecia que a Batata estava participando mesmo da conversa, dando a sua opinião canina sobre as idéias do menino.
       Às vezes me pego falando com meus cães, mas é diferente... acho que perdi a magia da infância onde animais, plantas e até objetos... todos... tinham consciência e nos faziam menos solitários, ouvindo com paciência os nossos lamentos e, às vezes, nos consolando com o olhar.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Filmagem

     Entre um atendimento e outro sempre acontecem coisas marcantes.
     Uma delas foi a reportagem que fizeram com os cães terapêutas na pediatria do hospital. Confesso que prefiro me comunicar escrevendo do que falando, ainda mais de improviso.
      A reportagem é interessante para vocês se informarem melhor sobre a Terapia com Cães e também ver a Batata em ação. Bom... não exatamente em ação, mas no ambiente de trabalho. Qualquer informação para contato veja o site: http://www.ateac.org.br/