Normalmente essa é a primeira frase que a gente diz para a criança que está no leito do hospital. A psicóloga da ATEAC faz uma entrevista prévia, mas finjo sempre que tudo acontece sem planejamento.
Gabriela (*), uma menina de oito anos, está sentada fazendo inalação. Quieta e tímida ela aceita a companhia da Batata. Como Gabriela está muito retraída e apenas passa a mão na parte de trás do corpo da cadelinha, esta apenas se deita no colo dela e aproveita para tirar uma soneca.
Tento conversar com ela sobre cães, mas ela não tem cachorro. Passamos para o próximo passo: escola. Acertamos um assunto que ela gosta de falar... começou e não parou mais, a timidez quebrou como um vaso de porcelana atirado no chão. Disse que as amigas estão preocupadas, não tem namorado porque os meninos da classe são muito feios, a professora é muito legal, mas não é bonita, gosta de estudar, mas detesta lição de casa...
De repente percebo o celular carregando ao lado do travesseiro e digo: "Que tal se tirássemos uma foto sua e da Batata daqui do Hospital e mandássemos para as suas amigas e professora?"
- Que máximo! Vai fazer sucesso!! - ela respondeu.
Tiramos algumas fotos com a Batata no colo.
- ÉÉ... não dá para perceber que estamos no Hospital, vai parecer apenas que você está na sua cama com seu cachorro e de pijamas. - disse eu.
- Hahaha...! É mesmo... parece que estou apenas matando aula. Mas vou mandar assim mesmo!! hahaha...
A tecnologia neste ponto é muito positiva. Mesmo distante dos amigos mantemos contato e dividimos alegrias simples... como a foto de um cachorro, do nosso lado, numa cama de hospital.