Barbie (*) é uma interna do semi-intensivo, seus movimentos são precários, sua mente apresenta deficiência e suas condições básicas são monitoradas por aparelhos. Tudo isso dificulta muito a comunicação. A terapia consiste em estimular a criança com movimentos simples: passamos sua mão no pêlo do cão para que depois ela o faça por si mesma. Isso é desgastante para ambos, então, a atividade é por pouco tempo para que não haja rotina, nem sofrimento. Na maior parte do tempo nós conversamos, infelizmente, no caso da Barbie a conversa é um monólogo, onde somente o atendente fala. Mesmo que o paciente quisesse esboçar algumas palavras o tubo de traqueostomia permanente impediria.
Depois de algum tempo falando sozinho ou, nesse caso, usando a Batata como um marionete e simulando o cão falante você percebe que o paciente usa outros meios para se comunicar. Barbie não usa palavras, não pode usar o corpo, suas mãos são rígidas e, não consegue emitir sons inteligíveis, sua mente às vezes divaga em pensamentos que não conseguimos atingir, mas... o olhar... Ah, o olhar... a linguagem mais simples, porém a que mais expressa. Esse é o melhor meio de captar mensagens que vêm direto do coração e, esse eu sei que bate forte dentro do peito da menina.
Espero um dia ser fluente nessa linguagem que traduz como nenhuma outra o que vai no fundo da nossa alma.
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